10/04/2017

Afetada

Uma ode às gravidezes imaginárias, vulgarmente chamadas de “paixão”, diariamente abortadas com chás de desilusão.

Afetada

Engoliu seu passado
E no seu ventre ele gestou
Cresceu cor de rosa
Bagunçando-a toda por dentro
Era o feto do amor que
Infelizmente teve
Que abortar

Aproveitando a hemorragia
Ela se deu ao luxo
De expor o lixo
Que tanto cegou sua miopia
Que tanto bloqueou sua aorta
Quando o amor saiu pela porta
E nunca mais voltou

Uma ode a quem pariu a morte
O natimorto no cigarro
anuncia sua sorte

E o gozo que sentiu?
Apenas na sua cabeça, apenas nela
Histérica e estéril

Afetada



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