Pedro Paulo tinha 15 anos quando se matou.
Tal como o pedreiro de Chico Buarque, ele caiu na contramão e atrapalhou o trânsito justo na hora do rush.
Trabalhadores chegaram atrasados em seus devidos cargos.
Dondocas remarcaram suas manicures.
Crianças choravam por não chegarem a tempo de ver seu programa favorito no Cartoon Network.
A mãe de Pedro apareceu chorando na filmagem feita pela emissora local.
Seus professores elogiavam seu desempenho acadêmico e alguns alunos disseram na frente das câmeras que não conseguiam aceitar, que terrível, ele parecia tão bem, pobre Pedro Paulo!
Pobrezinho...
Mas ninguém se importou quando Pedro Paulo parou no hospital após ter cortado seu braço fundo demais.
Ninguém se importou quando o padrasto de Pedro Paulo o colocava de joelhos no chão, e o obrigava a dar uma chupada.
Ninguém fazia nada quando ele apanhava na escola "por ser bicha".
Só passamos a nós importar quando os miolos, que outrora eram cheios de sonhos, se espalharam no chão.
Só importou quando o sangue respingou em nossos carros caríssimos e poluentes.
E Pedro Paulo virou comida pra verme.
E Pedro Paulo se resumiu a um epitáfio clichê.
E Pedro Paulo não teve a missa de sétimo dia anunciada na notinha da página 14 do jornal.
E todos voltaram a não se importar.
Tal como o pedreiro de Chico Buarque, ele caiu na contramão e atrapalhou o trânsito justo na hora do rush.
Trabalhadores chegaram atrasados em seus devidos cargos.
Dondocas remarcaram suas manicures.
Crianças choravam por não chegarem a tempo de ver seu programa favorito no Cartoon Network.
A mãe de Pedro apareceu chorando na filmagem feita pela emissora local.
Seus professores elogiavam seu desempenho acadêmico e alguns alunos disseram na frente das câmeras que não conseguiam aceitar, que terrível, ele parecia tão bem, pobre Pedro Paulo!
Pobrezinho...
Mas ninguém se importou quando Pedro Paulo parou no hospital após ter cortado seu braço fundo demais.
Ninguém se importou quando o padrasto de Pedro Paulo o colocava de joelhos no chão, e o obrigava a dar uma chupada.
Ninguém fazia nada quando ele apanhava na escola "por ser bicha".
Só passamos a nós importar quando os miolos, que outrora eram cheios de sonhos, se espalharam no chão.
Só importou quando o sangue respingou em nossos carros caríssimos e poluentes.
E Pedro Paulo virou comida pra verme.
E Pedro Paulo se resumiu a um epitáfio clichê.
E Pedro Paulo não teve a missa de sétimo dia anunciada na notinha da página 14 do jornal.
E todos voltaram a não se importar.