05/09/2016

Jardinagem

Yasmin resolveu aprender a amar.
Bateu no liquidificador todos os  conceitos prévios de amor
E tatuou com eles o nome do amado no seu coração.
Berrou, mais para se convencer do que ser ouvida, de que "eles verão o nosso amor"
(Justamente na hora em que tremia pelo inverno que se aproximava)

Assumiu então um rótulo
 E deu ao amor o sabor artificial de morango
O álcool manteve ardendo a chama que cremou seu corpo, levando assim a última evidência do homicídio de seu ego.
Diluiu-se no outro e originou assim uma figura andrógena e amorfa, contemporânea.
Não era mais Yasmin, era ele/ela, e sua apoteose eram os segundos emqueficavamgrudadinhos.

Agradeceu aos deuses (que não acreditava), o fato que o riso dele cabia certinho na sua boca. Apostou todo o dinheiro que tinha em sua conta ( R$-29,45) nas promessas que ele escreveu nas nuvens e leu na palma da mão.

Admirou o florescer primaveril de seu amor
 num jardim que outrora eram folhas secas...





Quando ele a abandonou, Yasmin riu um sorriso amarelo
Riu da hipérbole metafórica
           paradoxalmente irônica
que era o amor que julgava sentir.
Ela que acreditara na promessa do bem-me-quer
Ela que acreditara no significado do Amor perfeito.
Viu seu amor secar e murchar por falta de cuidado.


O atestado de óbito indicou suicídio, mas todos sabemos que ela já estava morta há muito tempo.

O inverno sempre leva primeiro as flores mais delicadas

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