15/01/2015

Poesia barata

Nós conhecemos de maneira tosca
Numa festa regada a entorpecente
Acho que falamos alguma coisa sobre o Tarantino
E sobre sua genial mente

Ele disse que não sabia ao certo
A hora exata que gostou de mim
Era algum momento, bem perto
De quando o suco de laranja chegou ao fim

Eu, ao contrário, tenho a certeza
De quando permiti gostar de volta
Foi no exato momento que percebi
Que minha vida precisava de uma reviravolta

É mágico e irônico
Um tanto paradoxal
Com o caos de cada um trazemos ordem
Para essa nossa desordem emocional

Tentei te eternizar em rimas
Pois tudo que rima é mais certo
E no meio de tantas coisas que não sei

Só sei que te quero perto

13/01/2015

Podre


Nota da autora: Quero dizer, antes de tudo, que esse texto é um desabafo. Não estava gostando do rumo que minha vida estava levando, então resolvi tomar as rédeas do meu destino, e me reescrever por inteiro. Só que não poderia seguir em frente, tendo tanta coisa presa na garganta. Resolvi jogar tudo que quero esquecer nesse texto. 


Ignoro a vida comendo porcaria, mas a família supostamente está de dieta e só tem frutas na geladeira. Pego uma maçã qualquer e ao morder descubro que esta está podre. Cuspi assim que senti o gosto de morte. Fui para a janela, tentar capturar um ar puro, e engasguei com o cheio de fumaça que veio de um monte de lixo sendo queimado.
Agora sinto cheiro e gosto de podre.
E esse mesmo gosto está na rotina e no hábito de abrir a geladeira ou de fumar mais um cigarro. Está em ligar a televisão num jornal sensacionalista, na insônia ou no hábito de olhar pela janela.
“Uma queda pode ser livre”.
É o que penso enquanto me seguro no peitoril da janela. E sem os óculos, sinto a vertigem se apoderar da mente. Gosto da vertigem. Desde criança me divertia girando sem parar até cair tonta na cama, sendo capaz de sentir a rotação da terra. Quando cresci provei o torpor engarrafado legalmente, de forma ilegal, como a maioria dos principiantes.
E mesmo com tanto torpor para esquecer, a gente vê o diabo em toda parte e não só nos detalhes.
A podridão exala e do 14° andar do prédio onde vivo o cheio me sufoca.
O mundo fede pelas mentiras, pela corrupção de cada dia, pela fome do pão que nunca vem. A morte possui o mundo quando a noite chega, e com seu manto negro nos cega e desnorteia.
E eu analiso o mundo como se não fizesse parte dele.
Mas eu sou.

E dói não ser tão diferente de uma maçã apodrecida. 

642 coisas para escrever: 2-3

Para ver a lista completa acesse : http://listography.com/brunamorgan/642_coisas_sobre_as_quais_escrever_/listinha

2- Você é um (a) super-herói (heroína). Quais são os seus super poderes e como pretende usá-los?
Já tenho um poder fenomenal: ser invisível. Entre tantos poderes, eu que quero tudo, fico com o poder de absorver o poder alheio. E com esse poder eu iria procurar quem conseguia não sentir dor. Ia procurar quem consegue se refazer apesar dos machucados. Ia procurar também aqueles que conseguem apagar memórias. Um poder que eu gostaria de ter é o de me tele-transportar. Anos de covardia serviram para me ensinar que se esconder e fugir às vezes podem ser mais sábios que lutar. Um poder que me interessa seria o de ler a mente das pessoas ou talvez ver o futuro: não teria tantas expectativas, dessa forma.
Mas acho que assim eu seria uma heroína muito apelona, e todo nerd que se preza odeia apelões.

3-O que você costumava fazer, porém agora não faz mais?

Eu costumava acreditar no que as revistas diziam. Acreditava que eu precisava ser magra, com roupas da moda, e ser a mocinha comportada para as pessoas e em especial os garotos, gostarem de mim Foi ai que percebi que eu não sabia quem eu era, pois estava tentando ser o que a mídia queria que eu fosse. Percebi que eu deveria fazer aquilo que fizesse bem para mim, sem padrões e muitas vezes sem dietas. Descobri que a felicidade é ser quem você é.

10/01/2015

642 coisas para escrever


1: Descreva a sua aparência física (na terceira pessoa), como se você fosse uma personagem de livro.
Vamos agora observar nossa personagem, que está muito concentrada fazendo o jogo do sério com o espelho para notar nossa presença. “Quem ri primeiro perde” ela desafia o próprio reflexo. Encara-se por um minuto, até começar a rir e dizer “Empate, de novo!”
Não, não era louca. Quer dizer, não na maior parte do tempo. Tinha  a capacidade de correr em direção ao abismo da loucura, e mesmo assim, permanecer numa distância segura. São poucos que flertam com a insanidade sem se apaixonarem por ela.
E então ela chega de brincar e começa a se observar no espelho. Atestando que já era noite, compara a escuridão de fora com a de dentro, que é expressa pelos seus olhos castanhos escuro. O cabelo numa cor indefinida, que ora parecia castanho, ora vermelho. Baixinha, pálida com olheiras que lhe davam um aspecto cansado. O corpo era um despautério que alguns diziam ser atraente (ela nunca acreditava), e que ela descrevia como uma gaiola de responsabilidades ( dessas que vem com a idade).

E cansada da mesma imagem de sempre, ela pega seu batom vermelho numa caixa dentro do armário e passa ele nos lábios. Um pouco de vida no meio de tanta coisa morta. Coloca um vestido preto e sai, fingindo ter coragem, pronta para desbravar o mundo.

OBS: Eu nunca escrevo na terceira pessoa '-'